DENÚNCIA CONTRA IEMANJÁ ESCANCARA INTOLERÂNCIA DISFARÇADA DE PREOCUPAÇÃO.
Enquanto calçadas seguem cheias de entulho, é a fé que incomoda.
Uma denúncia anônima está dando o que falar em Maricá — e não é por falta de problemas urbanos, não. Desta vez, a “ameaça” é uma estátua de Iemanjá, que será doada ao município e que, segundo o denunciante (ainda não identificado), estaria "atrapalhando a passagem de transeuntes".
Foto Divulgação
A denúncia, registrada junto à Prefeitura, gerou revolta entre moradores, ativistas culturais e religiosos. E não é para menos: em Itaipuaçu, o que não falta são calçadas esburacadas, invadidas por entulho, sucata, e até construções irregulares que forçam o pedestre a andar pela rua. Mas, curiosamente, nada disso pareceu incomodar. O incômodo mesmo foi causado por uma obra de arte de valor simbólico e espiritual — a imagem de uma das principais divindades do culto afro-brasileiro.
Coincidência? A comunidade acha que não.
A secretária de Assuntos Religiosos do município, ao ser questionada, não hesitou: “Trata-se, sim, de um caso de intolerância religiosa.” A declaração direta e firme reforça o que muitos já suspeitavam: a denúncia não se baseia em preocupações com acessibilidade, mas sim em preconceito travestido de zelo urbano.
Coordenador da secretaria de assuntos religiosos de Maricá, Bàbáláwo Ifasola Awogbamipe
e o fiscal da postura de Maricá I Foto Divulgação
“Não se trata de uma estátua. Trata-se de intolerância religiosa, disfarçada de preocupação urbana”, disse um morador, em tom indignado. O caso escancara o preconceito que ainda insiste em aparecer — às vezes escondido em papéis oficiais e protocolos burocráticos.
A Prefeitura ainda não revelou quem foi o autor da denúncia, mas a expectativa é que um processo seja aberto para apurar a identidade do denunciante. E que fique claro: não se trata apenas de um ataque à cultura afro-brasileira, mas a um símbolo de resistência, fé e representatividade.
Iyalorisa Iyatosin Awogbamipe - Presidente do Movimento Festival Yemanja Maricá. l Foto Divulgação
É no mínimo curioso (ou escandaloso) que uma cidade que convive diariamente com verdadeiros obstáculos urbanos em suas calçadas tenha decidido mirar seus olhos, e sua indignação, justamente em uma entidade sagrada de um povo historicamente marginalizado. Fica difícil não enxergar a motivação por trás da cortina de fumaça.
Foto Divulgação
Enquanto isso, Iemanjá segue firme — como sempre. E, com certeza, não está sozinha. Axé pra quem tem fé. E pra quem tem preconceito... que se prepare pra responder.
Segue vídeo a baixo:
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